Foi na década de 1970 que as Irmãs Flores iniciaram o seu percurso no figurado de barro de Estremoz. Maria Inácia e Perpétua Fonseca começaram por ser aprendizes de Sabina Santos, descendente da famosa Olaria Alfacinha, cuja fundação remonta a finais do século XIX, sendo que apenas posteriormente se tornaram independentes. Atualmente, contam ainda com Ricardo Fonseca, sobrinho de ambas, que, à semelhança de outras crianças da família, passava parte das férias a brincar com barro, na oficina das tias. Na conversa que tivemos com os três, refletiram sobre as mudanças na produção e consumo do figurado de Estremoz nas últimas décadas, sublinhando a importância do boneco manter o seu caráter popular.
Estivemos com as Irmãs Flores no seu atelier no centro histórico de Estremoz em duas ocasiões diferentes: a entrevista que ora apresentamos teve lugar em Março de 2019, mas algumas das fotografias retratam também a visita realizada um ano depois, em Agosto de 2020.
Vocês são mesmo irmãs?
Maria Inácia – Sim! A minha irmã é Perpétua, eu sou a Maria Inácia. Flores era o apelido da minha mãe. Nós pusemos Flores porque era um dos apelido da minha mãe que nós não tínhamos.
A vossa mãe já fazia figurado?
Maria Inácia – Não, não vem de via familiar. Hoje os três que aqui estamos somos todos família. Este rapaz é nosso sobrinho. Mas não aprendemos em família. Aprendemos com uma senhora que já trabalhava o barro, que tinha como profissão fazer os bonecos. Era a Sabina Santos. Trabalhámos com ela durante 15 anos. Depois ela deixou de trabalhar e nós começámos a trabalhar sozinhas. E foi a partir daí que criámos o nosso nome.
Porque decidiram aprender?
Maria Inácia – Olhe, acasos da vida! Foi uma necessidade de trabalhar e foi uma coisa que surgiu. Estava à procura de uma profissão e isto apareceu, sem saber bem o que era. Nunca tinha visto um boneco! Eu comecei a trabalhar em 1973, tinha 15 anos. Nessa época as pessoas não tinham um grande conhecimento do que eram os bonecos. Faziam-se os bonecos na nossa terra há séculos, mas as pessoas não davam valor. Os bonecos eram apreciados por outro tipo de pessoas, que não eram da nossa cidade. Era raro uma pessoa de Estremoz comprar um boneco, eram mais pessoas de Lisboa ou estrangeiros.
Nessa altura havia pouca gente a fazer, não era?
Maria Inácia – Olhe, havia mais ou menos as mesmas pessoas que há hoje. Em número, era mais ou menos igual. Eram pessoas mais novas do que atualmente, porque, entretanto, muitas já faleceram, e poucos mais têm aparecido, quase nenhuns. Em número, será mais ou menos sete, oito, dez pessoas, tem sido mais ou menos sempre assim.
Olhe, acasos da vida!...
Aprenderam, então, a fazer os bonecos em casa dessa senhora, Sabina Santos?
Maria Inácia – Sim, ela tinha uma oficina. Ela trabalhava muito para encomendas, porque nessa altura trabalhava-se muito para lojas de artesanato em Lisboa e no Porto. Havia grandes lojas de artesanato. E vendia aqui também, que ela tinha cá uma loja.
Lembra-se do nome dessas lojas?
Maria Inácia – Oh, já não existe nada! Eram uns Azevedos, em Lisboa ou no Porto, depois havia um senhor Leitão... Tudo coisas que já desapareceram. Faziam-se assim encomendas de 400 bonecos ou mais... e ela [Sabina Santos] tinha sempre duas ou três pessoas a trabalhar com ela. Nós nunca fomos trabalhar para seguir esta vida, era só para termos o nosso dinheiro, estudávamos à noite para depois seguir outra vida. Mas, olhe, acabámos por ir ficando com ela. Ela era uma pessoa que se dedicou muito a nós, era como se fosse uma pessoa de família. Depois ela já era doente, se nós deixássemos de trabalhar ela também deixava... E, olhe, fomos ficando, ficando... e acabámos por ficar. Depois, ela deixou de trabalhar quando começaram a aparecer as feiras de artesanato.
Quando foi isso?
Maria Inácia – Na década de 1980, foi quando começaram a aparecer as feiras de artesanato. E as coisas começaram a ter outra divulgação, começou a haver mais interesse. Foi quando surgiu o Instituto de Emprego e Formação Profissional. Também começaram a olhar um bocadinho para estas coisas. E a partir daí começaram a dar-nos um incentivo para nós não deixarmos de trabalhar. Porque nessa altura também éramos as pessoas mais novas, nós tínhamos trinta anos, as outras estavam todas com sessenta e tal anos. Depois havia um diretor do Museu aqui [Joaquim Vermelho] que gostava muito dos bonecos, fazia muito pela divulgação dos bonecos. Foi uma pessoa que sempre nos disse: “Não deixem de trabalhar porque isto agora vai ter mais valor, vai ser uma arte que vai ser valorizada”.
As coisas começaram a ter outra divulgação,
começou a haver mais interesse...
Lembram-se da primeira feira de artesanato em que participaram?
Maria Inácia – Sim, foi no Porto, no Mercado Ferreira Borges. Em 1991.
Participaram já como Irmãs Flores?
Maria Inácia – Sim. Lembro-me porque nos vieram cá buscar. Veio o diretor do Centro de Emprego da Região Norte. Ele teve conhecimento do nosso trabalho porque, quando foi da Europália, convidaram-nos para participar. Aquilo foi uma grande divulgação dos bonecos de Estremoz. Até aí o que era conhecido eram só os bonecos de Barcelos. E depois convidaram-nos para irmos... Nós trabalhávamos há pouco tempo as duas juntas, sozinhas, e pediram-nos logo uma série de peças da colecção, um bocadinho de cada: das profissões, da parte religiosa, dos presépios. E nós participámos. O Instituto de Emprego comprou-nos as peças, vieram-nos buscar... Este senhor gostava muito do nosso trabalho, veio cá e disse que nós tínhamos que ir à feira. Nós dissemos que não tínhamos transporte! E ele disse: “Vão ter transporte e vão ter tudo!” E ele falou com a Câmara. E de facto foi uma feira em que lá chegámos e vendemos tudo.
Perpétua – Depois no ano a seguir foi no Pavilhão Rosa Mota, mas já foi com outro senhor.
E depois começaram a fazer as feiras frequentemente?
Maria Inácia – Sim, as pessoas começavam a perguntar por nós. As pessoas do norte gostavam do nosso trabalho, eu acho que as pessoas do norte gostam mais de artesanato do que as pessoas daqui. São mais colecionadores.
Perpétua – Apreciavam de outra maneira.
Maria Inácia – Também é uma zona onde sempre existiu mais dinheiro. Já havia grandes colecionadores. E depois as pessoas convidavam-nos, fomos ao Porto vários anos, depois começámos a ir a Vila do Conde, fomos muitos anos. E também não íamos a mais feiras, porque não podíamos.
Continuam a fazer feiras?
Maria Inácia – Já não. Só fazemos aqui a de Estremoz.
Perpétua – Todos os anos nos convidam para ir a Vila do Conde, mas não dá. É uma deslocação de 15 dias. Nós deixamos de trabalhar, gastamos dinheiro e deixamos de ter aqui peças. Nós, para sairmos, temos que levar as coisas, e como a produção é limitada… em vez de ganharmos, perdemos.
Agora o vosso sobrinho [Ricardo Fonseca] juntou-se a vocês?
Maria Inácia – Nós sempre tivemos cá os nossos filhos e sobrinhos. Nas férias, eles vinham para cá e foram aprendendo.
Perpétua – E ele é que ficou!
Maria Inácia – Nós sempre fizemos uma coisa com os miúdos: eles sempre foram fazendo o trabalhinho deles e começaram a ter os seus clientes!
Perpétua – Começaram logo a ganhar o dinheiro deles!
Ah sim?! [risos]
Maria Inácia – Sim! E isso ajudou-os, incentivava-os a trabalhar. E eles, em vez de andarem por aí no tempo das férias, olhe, moíam-nos a cabeça! [risos]
Perpétua – Houve uma altura em que se vendia tudo o que se fazia, nos anos 1990, princípios de 2000. E eles apanharam essa altura. Vinham muitos estrangeiros!
Ricardo – Os americanos compravam tudo!
Perpétua – Eles achavam graça estarem os miúdos a trabalhar!
Maria Inácia – Não era exploração nenhuma, o dinheiro era para eles.
Hoje em dia já não é tão bom como nessa altura?
Perpétua – É diferente. Hoje as coisas são diferentes.
Maria Inácia – É outro tipo de procura.
Ricardo – Há mais procura, mas agora as pessoas têm outro tipo de exigências. Metade dos clientes que hoje vêm, já tem uma ideia específica daquilo que querem, não é nada que esteja aí à venda. Encomendam aquilo que querem.
Maria Inácia – Já vêm com uma ideia firme.
Perpétua – As pessoas hoje querem muito a arte sacra, muitos santos, muitos santos. E antigamente não era assim.
Maria Inácia – Era mais as profissões.
Perpétua – As pessoas compravam mais as tradições. Hoje é santos disto e daquilo, O Amor É Cego e a Primavera.
Hoje as coisas são diferentes...
Vendem mais para portugueses ou estrangeiros?
Maria Inácia – Agora é mais para portugueses. Os estrangeiros também estão sempre limitados pela bagagem. A partir do 11 de setembro [de 2001] modificou-se tudo isso. Nós notámos, como notaram muitas outras pessoas ligadas ao turismo. Mudou muito. Estremoz era uma terra onde vinham muitos americanos.
Ricardo – Praticamente tudo o que vendíamos aqui em Estremoz era para americanos.
Maria Inácia – Vinham para a nossa Pousada, que sempre teve muita fama lá fora. Eles tinham clientes fixos, que vinham todos os anos, vinham passar duas semanas, dez dias. A gente conheceu casais de americanos que, durante vinte e tal anos, vinham todos os anos para Portugal.
Perpétua – E franceses!
Maria Inácia – E franceses também, muito francês!
Ricardo – Os americanos gostavam porque são tradições que eles não têm.
Maria Inácia – Sim, era o que eles nos diziam! Não sabiam como é que neste país, em que há uma arte popular tão forte, isto não era valorizado, porque na altura não se valorizava! Eles diziam: “No nosso país é tudo industrial, a gente não consegue ver uma coisa que saia da mão de uma pessoa”. E isto nasce da mão da pessoa. Eles gostavam sempre de estar a ver. E a gente de facto tem algumas recordações dessas pessoas, de clientes que vinham ano após ano. Havia um casal de franceses que vinha também durante muitos, muitos anos. Ele tinha um caderno e fazia o desenho dos bonecos que levava. Depois no outro ano voltava cá e via o que tinha e o que não tinha. Depois deixaram de vir por causa da idade.
E colecionadores?
Maria Inácia – Sim, hoje há muitos colecionadores. A nível de presépios, santo-antónios, muitos colecionadores... E depois há pessoas que vêm que querem aprender, mas isto não acontece assim de um dia para o outro.
Perpétua – Não é num ano, nem em dois, nem em três.
A partir do 11 de setembro modificou-se tudo isso...
Vocês trabalham apenas com modelos já existentes?
Maria Inácia – Sim, e é importante a própria maneira de se fazer o boneco. Se a pessoa trabalhar muito o boneco, ele deixa de ser um boneco tão popular e começa a ser uma estatueta muito mais elaborada, eu acho que perde o nome de popular. Embora os motivos possam ser os mesmos, eu acho que vão perder aquela característica do mais ingénuo, do mais naïf. Isso é aquilo que eu penso.
Conseguem identificar os bonecos de todos os criadores, certo?
Maria Inácia – Sim, até de pessoas que já vieram antes de nós. Cada pessoa tem a sua maneira de fazer as coisas.
Mas o repertório é sempre o mesmo?
Maria Inácia – Sim, existe este repertório antigo, mas não quer dizer que a gente não crie figuras, a gente tem criado imensas figuras. Mas sempre dentro daquela linha.
Se a pessoa trabalhar muito o boneco,
ele deixa de ser um boneco tão popular...
Que figuras criaram?
Maria Inácia – Oh, já tantas, tantas! E estamos sempre a criar, porque as pessoas hoje estão sempre a pedir figuras diferentes. Hoje o consumidor é assim, não se baseia só naquelas figuras mais antigas. Por exemplo, na parte religiosa, antigamente nós fazíamos a Senhora da Conceição, fazíamos o Santo António, praticamente era só... o São João também. Hoje em dia, as pessoas pedem, por exemplo, os santos dos nomes dos filhos, ou de uma pessoa que gostem, ou de uma pessoa a quem queiram oferecer. Mas nós fazemos sempre obedecendo à técnica do boneco e ao seu trabalhado.
Ricardo – Praticamente cinquenta por cento do trabalho que faço são encomendas personalizadas, não é nada que já exista.
Maria Inácia – Antigamente também se fizeram muitos bonecos que se perderam. Geralmente eram profissões que havia na época, aquilo que as pessoas viam. Hoje também continua a ser assim, só que a informação que temos é muito maior do que antigamente. Ainda hoje aparecem muitos bonecos antigos que nós nem sabíamos que existiam! Às vezes aparecem em leilões, de pessoas que vendem recheios de casas antigas... E lá aparecem os bonecos! Mas é tudo dentro da mesma linha dos bonecos: as primaveras, as profissões mais relacionadas com o trabalho no campo, pronto, com aquilo que existia.
Perpétua – As pessoas hoje não se dedicam só aos trabalhos do campo, então, querem que a gente faça outro tipo de bonecos: cirurgiões, enfermeiras, dentistas... Há muita coisa assim que nos pedem.
E as pessoas ainda consideram isso o boneco tradicional de Estremoz?
Maria Inácia – Desde que tenha as características. A pessoa olha para o boneco e diz: isto é um boneco de Estremoz. Porque tem a cor, tem a maneira de trabalhar o boneco, tem as feições, tem tudo isso!
Perpétua – Uma das coisas muito característica é a feição do boneco.
Ricardo – Até porque, por exemplo, o que foi considerado Património Imaterial pela UNESCO foi a arte, a técnica, a maneira de fazer. Não foram propriamente as figuras. Qualquer figura que tenha as características técnicas do boneco pode ser considerada um boneco de Estremoz.
Maria Inácia – Pois claro! Está a ver estes bonecos antigos? Para já, não são muito expressivos... não têm unhas pintadas, não são bonecos que tenham cotovelos. Parte dos bonecos que hoje aparecem como sendo bonecos de Estremoz, já são bastante esculpidos, e isso para mim não é o boneco mais popular. Não quer dizer que não possa haver pessoas que façam o boneco mais perfeito... Mas se forem de tal maneira exagerados, acho que aí perde um bocado essa característica do boneco.
A pessoa olha para o boneco e diz:
isto é um boneco de Estremoz...
Como é que veem o futuro dos bonecos, agora que tem este título de Património da UNESCO?
Maria Inácia – Eu acho que o futuro será como tem sido até aqui, acho que haverá sempre algumas pessoas a trabalhar, e há de haver sempre pessoas que apreciam os bonecos. Hoje apreciam muito mais do que antigamente – os portugueses! – porque as pessoas estrangeiras já davam muito valor a esta arte. Eu acho que se vai mantendo, não vai morrer a arte. E acho que não vai crescer muito. Também é uma arte que, se crescer muito, vai desaparecer muita coisa. Porque já se vê na evolução que tem havido, já se vai perdendo muito do tradicional. Eu acho que tem muita tendência para desaparecer, basta irmos ao museu e vermos o que está lá, que as pessoas criaram, e que está a ser alterado. Hoje já há muitas pessoas que estão a fugir ao tradicional. Mas, pronto, isto será a evolução, não sei. Só que esta evolução manteve-se durante muitos séculos mais ou menos igual, porque os bonecos já vêm desde o século XVII. Já muitas pessoas trabalharam os bonecos e vê-se que eles vêm mais ou menos dentro da mesma linha. Embora, claro, cada pessoa faça as coisas da sua maneira, ninguém faz igual.
Qual o vosso ceramista preferido, aquele que admiram mais o trabalho?
Maria Inácia – Eu gostei sempre muito do trabalho da senhora com quem aprendi [Sabina Santos] e do irmão dela, o Mariano da Conceição. Havia outro senhor que eu também gostava muito do trabalho dele, embora fosse mais grotesco ainda, o Zé Moreira. Era um boneco mesmo grosseirão, mas tinha muita expressão e ele era muito criativo, por exemplo a imaginar certas profissões do campo, que ele conheceu de perto. Ele criou figuras ligadas ao campo muito engraçadas. Era um boneco mais grotesco, mas era dos meus preferidos. E também, ainda mais antigo, o trabalho da pessoa que criou O Amor É Cego, as Primaveras, alguns dos negros que estão no museu… acho que essa pessoa era um grande artista. Ninguém sabe quem era o autor. Eram figuras de princípios do século XIX, mais ou menos. Acho que essa pessoa foi um grande artista. Nós sabemos que foi a mesma pessoa, pela maneira de trabalhar as peças. Se agruparmos os bonecos, são os mesmos traços. Cada pessoa faz à sua maneira!
Eu acho que o futuro será como tem sido até aqui...
Sempre estiveram neste espaço?
Maria Inácia – Não! Fomos evoluindo também. Antigamente, a vida era muito diferente. Quem não tinha ajuda tinha de ser à custa do seu esforço. Nós sobrevivemos sozinhas, mas temos tido sempre uma vida independente, isto deu-nos muita independência.
Perpétua – E houve sempre alguém que nos deu alguma força.
Maria Inácia – Até já saímos no The New York Times, porque nós tínhamos muitos clientes americanos. Depois até nos enviavam os jornais, nós temos isso tudo guardado. Não nos falta divulgação, não nos podemos queixar, andamos por todo o mundo! Também já esteve cá uma equipa de televisão russa. Até estivemos também num programa americano, o apresentador esteve aqui a maquilhar-se! [risos]
Perpétua – E até num da Coreia do Sul!
Maria Inácia – Temos conhecido muitas pessoas que nunca pensámos que iríamos conhecer. E o reconhecimento das pessoas dá sempre força para nós trabalharmos. São pessoas importantes e a quem nós damos muito valor, e elas depois dizem que nós é que temos valor! Quando nós achamos que não temos valor nenhum! [risos] Quem aprecia este trabalho são sempre pessoas sensíveis, são pessoas que gostam e são sensíveis às artes.
Perpétua – Às vezes até dão mais valor do que nós.
Maria Inácia – É, nós não damos muito. Isto faz parte da nossa vida.
O reconhecimento das pessoas dá sempre força para nós trabalharmos...