CÉSAR TEIXEIRA

Olaria de barro negro, Gondar, Amarante

Nascido em 1969, César Teixeira é, atualmente, o único representante da olaria negra de Gondar, concelho de Amarante. Aprendeu a trabalhar a roda em 1987, com o oleiro Manuel Teixeira, num curso de formação profissional promovido pela Junta de Freguesia. Apesar de não se dedicar à olaria a tempo inteiro – trabalha no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa – espera um dia conseguir fazê-lo, já que a atividade o apaixona. E, de facto, o entusiasmo que imprime à conversa quando se refere à olaria de barro negro é contagiante. Em 2017, juntamente com Mariana Sá, começa a organizar soengas (cozedura do barro recorrendo a um buraco relativamente fundo e largo na terra) abertas ao público, que incluem também workshops de olaria de roda baixa. Estes eventos juntam pessoas de diversas gerações e até de diferentes nacionalidades, constituindo, para além de uma agradável ocasião de convívio, um verdadeiro contributo para a divulgação da olaria de barro negro e suas técnicas ancestrais. 

Foi através da internet que tomamos conhecimento da organização das soengas e decidimos entrar em contacto com César Teixeira. Esta entrevista é o resultado de três deslocações a Gondar: duas para acompanhar a soenga (em outubro de 2017 e agosto de 2018) e uma exclusivamente para conversar com César (em abril de 2018) acerca da sua relação com o barro negro de Gondar.

Para começar, gostaríamos que falasse um pouco de si. Quando e onde nasceu?

Sou o César Teixeira, sou oleiro, sou natural de Gondar, nasci a 30 de abril de 1969. Represento esta arte que é a arte do barro preto, arte que existe cá nesta freguesia há bastantes anos, há alguns séculos mesmo! Tenho registos de um oleiro, o mais antigo que se conhece, do ano de 1616. Tenho o registo desse oleiro cá, já na freguesia de Gondar.

Onde está esse registo?

Há um livro de atas, que está na Junta de Freguesia, que as pessoas podem consultar se quiserem. Muito em breve iremos ter este trabalho todo num museu, que vai abrir em Amarante, onde vai estar exposta ao público toda essa história. Este não é o meu trabalho principal, infelizmente. Gostava muito que isto fosse a minha atividade principal mas, infelizmente, não dá para eu viver desta arte. Trabalho num hospital, sou funcionário público. Esta é a minha paixão mas, neste caso, ainda funciona como um part-time.

Sempre trabalhou no hospital ou já teve outros empregos antes?

Já tive outro emprego antes. Trabalhava numa empresa de construção civil, onde era o apontador. O apontador era quase o segundo empregado de escritório. Registava as entradas e saídas do pessoal e tudo o que fosse materiais. Depois vim para o hospital, onde estou há vinte e três anos.

Como gere o seu tempo, entre o hospital e o trabalho no barro?

No hospital trabalho por turnos. Quando trabalho de manhã no hospital, trabalho de tarde na olaria e vice-versa. Vou conciliando com os meus horários e vou conjugando as duas vertentes.

Sou o César Teixeira, sou oleiro, sou natural de Gondar...

Quando é que teve o primeiro contacto com o barro?

O barro… foi na altura em que era um jovem, quando tinha apenas dezassete anos. Nessa altura eu estava desempregado e o Presidente da Junta perguntou-me, a mim e a mais três jovens, três amigos, se nós estávamos interessados em fazer um curso de olaria e nós dissemos que sim! Iniciou-se essa formação, que decorreu em 1987 e teve a duração de meio ano. Éramos quatro, dois rapazes e duas raparigas. No final, a instituição que organizava essa formação, dava-nos, nessa altura, duzentos e cinquenta contos a cada um, para a gente se estabelecer por nossa conta. Mas nós éramos todos muito novos e tivemos medo. O curso parou aí e o projeto também. Mais tarde, dez anos depois, em 1998, com outro Presidente da Junta, ele soube que eu tinha feito esta formação, sabia que eu gostava, e contactou-me para ver se eu estava disposto a colaborar com ele num projeto. A Junta de Freguesia montava-me um espaço para eu trabalhar e um espaço de venda. E claro que eu disse logo que sim! Então, desde 1998 estou ligado a esta arte. Se eu não estivesse ligado a ela, certamente já teria morrido, como outras por esse país fora!

Em 1987, quem é que dava esse curso?

Era o único oleiro. Ainda existem dois vivos, mas este com quem eu aprendi, a atividade dele foi sempre a olaria. Ele viveu sempre da olaria. Era o Manuel Teixeira.

E na altura era o único?

A trabalhar, sim, sim! Como já disse, naquela altura em que fizemos a formação, ainda havia vários oleiros! Já tinham bastante idade e foram falecendo. Neste momento, só existem dois.

Entre a formação que fez em 1987 e depois a segunda abordagem, dez anos depois, trabalhou no barro?

Não, durante esses dez anos, esquecemos.

Dos quatro, nenhum continuou?

Os outros… dois imigraram, foram para a Suíça ou França, a outra ficou por cá. Depois o único que quis continuar fui eu.

Ainda bem para a arte que alguém continua o trabalho.

Sim, que esta arte... segundo reza a História, os oleiros de Bisalhães foram daqui para lá. É uma história muito engraçada… A história destes oleiros do barro preto, acho que praticamente todos saíram daqui de Gondar. Um casado com fulana, outro casado com sicrana. Há um arqueólogo, o Carlos Dinis, que fez um levantamento disto tudo, desde o início até ao fim. Eles têm lá uma história lindíssima que vai estar brevemente disponível ao público, como eu já disse, nesse museu de olaria.

Mas vai ser aqui em Gondar?

Em Amarante, na parte histórica da cidade. Então eles dizem que os oleiros foram daqui para lá. São histórias muito engraçadas. Aquilo nem se percebe muito bem, é lá um enredo! Por acaso, já tive oportunidade de estar num colóquio, onde estavam dois arqueólogos, que era este tal fulano e um senhor que era de Lisboa. Então, eles estiveram a falar destas coisas. Aquilo é muito engraçado. Atravessavam para lá do rio Douro… aquilo tem histórias muito engraçadas. Pronto, se eu não tivesse pegado nisto, isto já tinha morrido, como aconteceu em Resende, já não há… Já não há ninguém que faça. Em Chaves parece que também não…

E em Viseu e Tondela?

Viseu, parece que há lá um casal, mas esses já estão muito modernizados! Têm roda elétrica, já trabalham com coisas “xpto”, já estão um pouco fora do tradicional.

Os oleiros de Bisalhães foram daqui para lá...

Qual é a sua relação com este espaço onde estamos, a Casa do Oleiro?

Este espaço, neste momento, é o espaço que me foi cedido. Porque, infelizmente, estes projetos foram iniciados em casas particulares, antigas, que a Junta de Freguesia restaurou. Ao fim de dez anos, quer o espaço onde eu tinha as peças à venda, quer o espaço onde estava a trabalhar, infelizmente, fecharam. Recebi lá muita gente dos quatro cantos do mundo, foi uma pena aquilo ter fechado. Ao fim desses dez anos, esses espaços passaram para os proprietários. E, então, depois desta escola fechar, por falta de crianças, há cerca de 3 anos, foi-me cedido este espaço. Ainda não está arranjado, a escola ainda está consoante estava. Isto muito em breve será remodelado e irá ser aqui um centro de artes e ofícios. É o que me está proposto.

Pelo que percebemos, também faz formações. É a Câmara que o contacta para fazer as formações ou fá-las por iniciativa própria?

Não, neste momento não é com a Câmara, é com o Centro de Emprego,  ou alguma associação que esteja ligada à área formação que me contacta para ver se eu estou disposto a dar formação. Há outras formações que sou eu mesmo que organizo e dou-as de livre vontade, sem qualquer custo para mim, nem para as pessoas que nela participam.

Não sei se conhece e se gosta de conhecer outros oleiros, sejam os de Barcelos, sejam os de Bisalhães. Tem algum que goste particularmente, que seja uma referência?

Eu estive na FIA em Lisboa, em 2004. O tema era as olarias, e estávamos lá cinco oleiros. Estava um senhor de Barcelos, estava eu daqui de Amarante, estavam senhores também de Viseu e os restantes eram da zona do Alentejo. Eu gostei, gostei, nós partilhámos experiências uns com os outros. Trabalhamos com rodas diferentes e desses também gostei, partilhei com eles e convivi com eles e gostei muito desses nove dias que passamos lá juntos, foi muito bom.

Quais são as diferenças fundamentais que apontaria entre as diversas tradições de olaria do país?

Há várias. Comecemos pela roda. A nossa roda, a de Vila Real e a de Chaves são chamadas rodas baixas, são movidas com a mão. Depois temos as rodas de Barcelos e as rodas do Alentejo que já são rodas altas e são movidas com o pé. Quanto às matérias… as matérias são adaptadas a cada tipo de forno. Cada tipo de forno tem de se adaptar ao barro. Eu já experimentei outros tipos de barros aqui a cozer na soenga. Chegava lá e aquilo rebentava tudo. Então, tive de me adaptar. Nós temos de nos adaptar conforme os fornos que temos. Há vários tipos de fornos também.

O barro com que trabalha, vem aqui da região?

Sim, vem. Neste momento estou a trabalhar com dois barros. Um que é mesmo de cá da freguesia e outro que fui buscá-lo a Chaves, que é de lá de uma barreira.

Quais são as características do barro negro de Gondar? Tem que ser produzido em roda baixa e cozido em soenga?

Falamos do barro preto de Gondar, o barro não é preto! O barro pode ser branco, pode ser azul, pode ser vermelho, pode ser da cor que ele tiver. Ele só fica preto depois, no processo de cozedura. Quando estou a cozer a minha loiça, se eu parasse quando estão cozidas, se eu parasse ali de cozer, o que é que acontecia? As minhas peças iriam ficar vermelhas, iam ficar da cor da telha. Só depois com o processo de abafamento é que elas vão ficar com aquelas tonalidades pretas e cinzentas. Eu acho que nunca me saiu uma peça toda completamente preta. É assim que elas ficam bonitas, é assim que é a origem mesmo. É com estas manchas assim, que é quando elas ficam encostadas umas às outras, e o fumo não consegue penetrar tão bem.

Então, há uma primeira cozedura em que o barro fica de uma cor, e depois há um segundo processo de abafamento. Porque é que se faz esse segundo processo? Qual é a característica que o barro ganha?

É esta! É quando fica preto. O barro, é assim, quando seca fica de uma cor, quando fica cozido, fica de outra cor e, neste processo, fica desta cor, preta.

É quando o fumo penetra na peça?

Sim, sim, exatamente. Está a ver? O fumo não está só na base. O fumo está no interior também! Elas estão tão quentes, que elas atingem os mil graus e ficam como o vidro. Elas estão incandescentes. Depois o que vai acontecer? Vamos encostar aquela caruma. A caruma larga o fumo e nós abafamos aquilo muito rápido. Esta fase tem de ser rápida porque quanto menos fumo sair, melhor! Aquele fumo vai penetrar no interior das peças. As peças “sucam” o fumo, para elas mesmo. Estão a perceber?

Fica tudo no interior. Se uma peça partir ela é toda preta por dentro?

Sim, exatamente!

Costuma partir muitas peças numa cozedura?

Sim, sim. Há cozeduras em que tiro mais peças partidas do que inteiras. Isso já faz parte! Eu já estou mentalizado para essas coisas. Quando vou cozer uma fornada de loiça, sei que elas vão para lá, mas não sei quantas saem. Só depois de as destapar é que sei quantas vão sair dali. Infelizmente, não posso dizer: “Vou meter aqui cinquenta e estas cinquenta vão sair perfeitas”, não! A única soenga que eu fiz e correu 100% foi... acho que em 2007, quando fui representar Portugal em Espanha, em Valencia. Aquilo era um encontro de ceramistas, mas eram ceramistas profissionais, internacionais, de vários países. E aí, o que é que acontece? Eu fui cozer peças desses ceramistas. Eu senti-me… Eu tremia porque eram peças caríssimas, peças que eu nunca tinha visto. E, então, eu… “Ei pá, isto vai estourar para aqui tudo!”. [risos] Olhe, aquilo correu cinco estrelas! As peças saíram todas intactas. Quando terminámos, aquilo foi… o pessoal todo a bater palmas, foi um espetáculo!

Disse que a técnica do barro negro de Gondar está quase a desaparecer, se não fosse o César. Acha que há alguma iniciativa que deveria ser feita? O que é que falta?

Está a decorrer uma formação, e vai ter continuidade, só que este tipo de formações são para pessoas desempregadas. O que acontece? Muitas destas pessoas vêem isto quase como uma obrigação e, então, chegam ao fim da formação e vão-se embora, não ligam muito a isto. Se calhar, se trabalhássemos de outra forma, se trabalhássemos para pessoas que realmente gostam destas artes, se calhar era diferente, se calhar conseguíamos cativar alguém, porque esta é a terceira formação que dou e ninguém quis continuar. Eu não estou a dizer que estas formações não têm sucesso. Se calhar… foi um grupo de vinte e sete pessoas, se fosse um grupo de cinco ou seis pessoas e se estas formações, em vez de serem de três ou quatro meses, se tivessem a duração de um ano, se calhar as pessoas ficavam a gostar mais. O que é que acontece? Quando uma formação de três meses termina, é quando as pessoas estão a começar a ganhar algum gosto. Aquilo termina e as pessoas… aquilo acaba. Se fosse um grupo menor, sei lá… de quatro ou cinco pessoas, como quando foi o meu caso, e se fosse uma formação mais longa, se calhar conseguíamos fazer com que as pessoas ficassem a gostar mesmo desta arte. Assim, como as coisas funcionam, não conseguimos cativar ninguém.

Mas acha que há falta de vontade das pessoas?

Há outra vertente, é que praticamente são só senhoras, são só mulheres, e isto requer um bocado de esforço. Digamos que a parte mais leve desta arte é a modelação. A partir daí, desde a preparação do barro à soenga, são etapas muito duras que requerem muito esforço físico. Não é muito adequado para as senhoras. Eu não tenho nada contra as senhoras mas, como já assistiu na soenga, é muito pesado e é calor e… dá muito trabalho! E há outra coisa, é uma arte que não dá quase dinheiro nenhum e as pessoas querem é dinheiro… Eu estou aqui a trabalhar quase por carolice, lá vou ganhando algum com esta formação. É nas formações que vamos ganhando algum dinheiro, porque nas peças que se vão vendendo, pouco ou nada se faz! Se se vai a pedir o valor verdadeiro de uma peça… uma peça tem de ser cara! Então, mesmo assim, ao preço que se vende, as pessoas não compram... Enfim...

Acha que seria vantajoso uma candidatura à UNESCO, como aconteceu em Bisalhães?

Olhe… Estive aqui a trabalhar com uma arqueóloga da Câmara…

Está a ser pensado, não está?

Está. Está tudo montado. O processo já está todo em papel. Agora estamos à espera que nos deem a aceitação.

Se isso for aprovado, acha que a situação pode melhorar?

Eu espero que sim! Eu gostava que sim!

Quando e porque é que começou com esta ideia das soengas abertas ao público?

As soengas abertas ao público começaram exatamente o ano passado. Estou a trabalhar com uma amiga, que é a Mariana [Sá], que está também ligada ao património. Então estamos a conversar e a trabalhar em paralelo. Ela vai abrir uma casa de turismo rural, onde depois vamos trabalhar em conjunto. A ideia é fazermos as soengas abertas ao público. Essa ideia até surgiu dela. E está a ser um sucesso! O ano passado fizemos duas. Correram muito bem e tivemos cá muita gente, mesmo de fora do país! Este ano estamos a pensar voltar a fazer as soengas abertas ao público. Porque também é bom para as pessoas ficarem a conhecer um bocadinho de como é que tudo se faz. As pessoas vêm, vêem como se prepara o barro, vêem como é que se fazem as peças, também têm oportunidade de participar nesses workshops e mesmo na soenga. Têm de ter muito cuidado porque a soenga é muito perigosa, principalmente quando está vento. Quando está vento a chama é muito alta e pode haver alguns acidentes e temos de ter algum cuidado com isso! Mas até hoje só tivemos aqui pessoas que gostaram muito e só dizem que querem voltar, por isso…

É uma iniciativa muito, muito, interessante! Como é que se pode saber quando serão as próximas soengas? Onde é que isso vai ser divulgado?

É divulgado no facebook. Nós temos uma página que é a página "Soenga - Barro Preto de Gondar". Todos os eventos que são feitos aqui abertos ao público são publicados nessa página.

Tem alguma peça que goste mais de fazer?

As tradicionais, gosto delas todas. Elas são doze. Gosto de as fazer todas! Claro que há uma peça ou outra que eu invento, e gosto de a voltar a repetir, de voltar a fazer, não é? A bilha do segredo, ela não existia e fui eu que a criei. É uma peça que eu gosto muito de fazer.

Diz que há doze peças tradicionais. Isso foi uma coisa que lhe ensinaram?

Essas peças tradicionais eram as que os antigos oleiros fabricavam. Essas doze peças! Há a chocolateira, o assador de castanhas, a caçoila, o alguidar, o púcaro, a vinagreira, o cinzeiro, o tacho, mais… ainda falta mais… é o vaso… estão todas lá fora!

Antigamente as peças tinham uma utilidade, ou seja, as pessoas compravam para usar no dia-a-dia. Hoje em dia ainda há quem faça isso?

Sim, ainda há. Sim, sim, principalmente a chocolateira, o alguidar do forno, essas ainda têm muita procura. E mesmo a panela! As mais utilizadas, neste momento, são essas duas, a chocolateira e o alguidar, mas a caçoila e a panela também ainda são utilizadas. Essas peças, as mais utilitárias, são aquelas que eu vou vendendo mais.

Produz para stock ou por encomenda?

Trabalho nas duas vertentes. Trabalho por encomenda e trabalho por stock. Porque eu também tenho de ter algumas peças para quando há algum evento. O meu lucro, digamos assim, entre aspas, é a venda das peças que eu tenho cá em stock, não é?

Habitualmente, onde é que costuma vender? Participa em feiras?

Eu não faço muitas feiras habitualmente. Como sabe, não tenho muito tempo disponível. Eu também trabalho ao fim-de-semana e, normalmente, as feiras são mais ao fim-de-semana mas, quando posso, ainda faço algumas feiras. Ainda este domingo estive numa, mas vendo mais aqui ao público.

Alguma vez teve alguém a trabalhar consigo ou esteve sempre sozinho?

Sempre, sempre. Normalmente, só vem alguém ajudar-me quando eu preciso da soenga, porque a soenga não consigo fazer sozinho.

Nunca teve um aprendiz?

Só o meu filho. Ele gosta de vir, de vez em quando, brincar… mas é só brincadeira.

Estas cortinas são muito interessantes. Quando é que foram feitas? E porquê?

Essa cortina foi feita por uma das minhas alunas. Há quanto tempo, não sei... Já devem ter para aí dez anos.

São peças muito engraçadas, mesmo. Mas, então, elas não foram pensadas aqui para esta escola?

Foram, foram, foram… As cortinas foram feitas para a escola!

Então, na altura foram feitas para aqui enquanto ainda havia aulas, sem se saber que o César ia ocupar este espaço?

Exatamente!

Mas é o César ali na cortina, não é?

Sou, sou. Tem todos os passos. Tem a picar o barro, a amassar o barro, tem a soenga, tem as peças cruas, tem as peças cozidas, tem o barro a secar, estão ali as peças em castelo dentro da soenga…

Fantástico!

Entrevista conduzida por Maria Manuela Restivo e Evaristo Moreira*.
* Moreira, E. (2018). Ensino online da olaria de roda baixa: Um estudo das representações sociais. Mestrado em Multimédia. Universidade do Porto (https://dei.fe.up.pt/mm/pt). (Orientado por C. Morais e coorientado por L. Moreira e M. M. Restivo).
Disponível em http://hdl.handle.net/10216/114332