José Pimenta nasceu em 1931 na freguesia de Souto, em Abrantes. Desde pequeno mostrou jeito para o desenho na escola. O professor reconhecia-lhe a “mão de artista”, mas, por causa da “maldita matemática”, acabou por desistir da escola e pôr mãos à obra, literalmente. Com apenas 12 anos de idade, foi para Lisboa ganhar a vida, como aconteceu a muitas outras crianças portuguesas nos anos 1940. Por lá ficou até aos 25 anos, trabalhando como ladrilhador e com a pedra como companheira na sua labuta diária.
É quando deixa para trás a grande cidade e regressa à terra natal que José Pimenta entra na construção civil como empresário. A sua nova atividade acaba por pô-lo em contacto com demolições e recheios de casas antigas, o que o leva a envolver-se no negócio das velharias. Ressurge então a sua paixão infantil pelo desenho, agora na pedra, a pedra calcária da região, e começa, a princípio timidamente, a esculpir as suas primeiras peças em 1999, já com 68 anos de idade. Faz sobretudo figuras religiosas, os santos mais populares ou os presépios, mas também peças que retratam a vida nas aldeias e as suas atividades agrícolas. Desafiado pelos “doutores e engenheiros” da terra, acaba por expor as suas esculturas em Lisboa, em 2001. A esta seguir-se-ão outras exposições na zona de Abrantes, bem como um convite para uma oficina de escultura numa escola local, a fim de mostrar aos jovens como um sonho antigo pode vir a ser retomado muitos anos mais tarde.
Na sua oficina, rodeado de blocos de pedra para esculpir, de velharias para vender e de livros de arte que gosta de ler, José Pimenta é um excelente conversador que dá prazer ouvir sem pressas. São muitas e ricas as histórias de vida que desfia sem parar, umas ligadas às outras, e que nos deixam completamente rendidos à simpatia e simplicidade que transparecem também nas suas peças.
JOSÉ PIMENTA
Escultura em pedra, Souto, Abrantes