ANTÓNIO FERREIRA

Escultura em madeira, Famalicão da Serra, Guarda

Nas aldeias que circundam a Serra da Estrela, António Ferreira é conhecido por António “Albardeiro”. Com sete anos de idade, na freguesia de Famalicão da Serra, aprendeu com o seu pai a fazer as albardas para os burros, os cavalos e os bois. Feitas em estopa, em cabedal, em palha e em cordel, eram colocadas em cima do cachaço do animal para transportar carga. Já há muitos anos que o ofício de albardeiro tem vindo a extinguir-se, pois a necessidade do uso das albardas tem vindo a diminuir. Por isso mesmo, António “Albardeiro” foi sendo convidado para participar nas feiras municipais e mostrar a sua “arte”, já quase desaparecida.
Foi nessas mostras que se apercebeu dos seus vizinhos artesãos que talhavam a madeira, começando também ele a experimentar esculpir figuras em vime ou em castanho, enquanto “andava com o vivo”, ou seja, enquanto andava a pastar o gado. E assim, das suas mãos – apenas com a ajuda de um canivete, serrote e lixa – começaram a sair vacas, macacos, lagartos, padres, santos, cristos, homens engravatados, aldeões pobres, carros de bois, e por aí fora.
As suas peças, como ele próprio diz, “duram toda a vida, dão-me muito trabalho” e, por isso, justifica, o preço depende do empenho que cada uma delas tem. O certo é que hoje, nas aldeias em torno da Serra da Estrela, António Ferreira já é mais conhecido pelas suas figuras de madeira do que pelas albardas que fazia.

Texto e fotografias cedidos pelo arquivo da Santos Ofícios.